10 agosto 2011

Participantes lotam plenária final sobre a Rio+20

Instituto Ethos faz parte da Comissão Nacional da Rio+20 e sistematizará os principais temas sugeridos pelo setor empresarial e pela sociedade civil

André Corrêa do Lago (esquerda): “Rio+20 é grande oportunidade para o desenvolvimento sustentável” | Foto por Márcio Bulhões

Quase 20 anos após a Rio 92, participantes da Conferência Ethos 2011 refletem sobre expectativas, oportunidades e desafios a serem levados para o Rio de Janeiro em junho de 2012, na Rio+20. E a corrida é contra o tempo. Afinal, em 1º de novembro, a Comissão Nacional da Rio+20 deverá entregar à Organização das Nações Unidas (ONU) um documento com os principais temas e propostas para a transição para a economia verde.

O Instituto Ethos, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) são as organizações da sociedade civil que ficaram com a responsabilidade de levar os anseios do setor empresarial e da sociedade para a Comissão Nacional da Rio+20. Em janeiro do ano que vem, começará a fase de negociação dos documentos elaborados e que serão – ou não – aprovados na Conferência da ONU.

O embaixador André Corrêa do Lago, diretor do Departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais do Ministério das Relações Exteriores, acredita que a “Rio+20 é a grande oportunidade de criação de um modelo novo de desenvolvimento sustentável”. Mas destaca que se trata de uma Conferência das Nações Unidas e, por isso, tem regras a serem seguidas. “O Brasil preside a Conferência e, por conta disso, terá grande influência. Mas vale ressaltar que é uma conferência de desenvolvimento sustentável e não para tratar da questão ambiental isoladamente”, afirma Lago.

A dinâmica da economia mundial está sendo ditada por países em desenvolvimento. Neste sentido, segundo o embaixador, “países precisam decidir em consenso como nós vamos avançar na direção da sustentabilidade nos próximos anos. Então, podemos entender que é ‘Rio+20’ no sentido de 20 anos apontando o futuro”. A tarefa não é simples. Uma economia inclusiva, verde e responsável que se impõe ao mundo em razão dos desafios ambientais e sociais deve orientar-se por valores éticos e inovação, fatores considerados estratégicos.

O embaixador acredita que a Conferência será um espaço para avançar no conceito de desenvolvimento sustentável. “Considero três dimensões relevantes: o processo preparatório brasileiro para a Conferência; o papel internacional do Brasil (contribuições do setor privado e da sociedade civil darão legitimidade ao que o país vai defender na Conferência) e o resultado esperado (serão documentos, convenções, decisões).”

Pavimentando o caminho

A coordenadora interina do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) no Brasil, Elisa Tonda, entende que o “processo e a Rio+20 não são um fim em si mesmo, mas uma excelente oportunidade para definir caminhos, atores e medidas práticas e claras para alcançar o desenvolvimento sustentável”.

A diretora do Pnuma no Brasil apontou iniciativas como o Fundo para Proteção da Água, do Equador, o Programa de Pagamento por Serviços Ambientais, da Costa Rica, e a Agricultura Orgânica, de Cuba. “A economia verde é fundamental para a redução da pobreza por proporcionar oportunidades econômicas sem comprometer os recursos naturais”, afirma Elisa. Para ela, a transição para a economia verde exige investimentos de curto prazo que vão gerar benefícios sociais, ambientais e econômicos em um tempo mais alongado.

Para atingirmos a visão de uma economia inclusiva, verde e responsável, será necessário desenvolver um conjunto de ações que farão parte de uma ampla agenda nacional e suprapartidária. Esta agenda deverá ser construída em um abrangente processo de mobilização social que envolva as principais forças de mudança.

“Pode ser utópico, mas eu acredito que o Brasil tem condições de ser ousado e propor caminhos em direção ao desenvolvimento sustentável”, afirma Jorge Abrahão, presidente do Instituto Ethos.

(Envolverde)

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