09 agosto 2011

O caminho de mudança da economia real para um modelo abrangente

Para especialistas, Brasil tem grande oportunidade de promover a virada ainda nesta década

“Precisamos discutir a economia real e propor conteúdos. A partir dela, criar um programa de transição da economia nacional, nos moldes como ela é hoje, para uma economia includente, verde e responsável”. Esse foi o desafio apresentado pelo diretor executivo do Instituto Ethos, Paulo Itacarambi, ao dar as boas-vindas aos mais de 900 participantes da Conferência Ethos 2001, intitulada “Protagonistas de uma nova economia – Rumo à Rio+20” na abertura realizada na manhã desta segunda-feira, 8 de agosto.

Ao dar início à Plenária 1 – “Nova economia: includente, verde e responsável”, Jorge Abrahão, presidente do Ethos, disse que “podemos interpretar como histórico o atual momento que o Brasil atravessa. E, diante dos desafios que se colocam, era preciso ir além. O Ethos está propondo justamente uma plataforma pela qual as empresas devem atuar em conjunto para a transição para uma nova economia”. O presidente do Conselho do Instituto Ethos, Sérgio Mindlin, compartilhou o mesmo desafio: “Nesta década precisamos fazer a virada para a nova economia. Temos de nos comprometer em nossas empresas, em nossos governos, em nossa sociedade para avançar nesta direção”.

Tendo como moderador Ricardo Abramovay, professor titular da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), a discussão da plenária especial percorreu necessidades, desafios e oportunidades para o Brasil sob a perspectiva da articulação de um projeto de desenvolvimento sustentável, para o qual esta Conferência Ethos 2011 busca contribuir.

Executivos das seis empresas parceiras institucionais do Instituto Ethos (Alcoa, CPFL Energia, Natura, Suzano, Vale e Walmart) e o secretário executivo do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, Ronaldo Motta, expuseram visões diferenciadas e complementares sobre avanços necessários e os gargalos que devem ser enfrentados pelos diversos setores da economia.

Os debates buscaram encaminhar subsídios à Rio+20, que acontecerá em junho de 2012, consolidados por uma comissão nacional da qual faz parte o Instituto Ethos. Ao formatar o Congresso como fonte de propostas a serem encaminhadas à Rio+20, a direção do Ethos pretende tomar parte no que se refere à construção de uma plataforma capaz de fazer a transição da economia real para a “economia verde”, que integra as dimensões ética, justa e socialmente responsáveis, aliada à indispensável transparência democrática.

As palestras dos representantes das empresas tiveram como ponto de partida as indiscutíveis limitações de recursos ambientais do planeta. A visão das mudanças necessárias para encarar o quadro global se apoia na avaliação de que a mudança pode ser tratada como oportunidade de negócio, ao reconhecer que são numerosos os exemplos que autorizam considerar plenamente viável a economia verde, desde que todos os atores envolvidos – governos, empresas e sociedade – cumpram seus respectivos papéis.
Sem volta – No caso específico do Brasil, como destacado pelo secretário Ronaldo Motta, “o crescimento não é sequer uma opção. Trata-se, isto sim, de um processo inexorável”. Ele destacou que a relação sociedade-natureza precisa ter repensado o modelo de ciência que nos ensinou exatamente a ultrapassar limites. Agora, o que se demanda de inovação deve reconhecer a finitude dos recursos naturais, e a necessidade de consumir menos energia e insumos para cada unidade de produção que vise o bem-estar da sociedade.

O moderador Ricardo Abramovay acentuou, a propósito, que essa transformação deve reposicionar a ética no centro da ciência econômica, como defende o Nobel de Economia Amartya Sen. “Afinal, o que precisamos perguntar é: ‘Para que produzimos riqueza? Qual o sentido do crescimento econômico?’”. Ao tocar na grave questão da desigualdade, Abramovay deu início ao ciclo de questões colocadas para a plateia, que respondeu em tempo real a várias delas como forma de apoiar o conjunto de propostas que o Ethos pretende encaminhar à Rio+20. Uma delas, de caráter abrangente, questionou se “é viável os serviços ecossistêmicos serem colocados no centro da estratégia das empresas”. Diante dos enormes desafios que a pergunta induz, a plateia, formada em grande parte por representantes de empresas, ficou dividida.

Todo este raciocínio expõe os propósitos desta Conferência, com abordagem dos temas que nos posicionarão neste novo momento histórico como nação: identificação de “gargalos”, contradições, desafios e potencialidades para apontar caminhos em direção a processos renováveis, de mobilização para a inovação e um novo modelo de desenvolvimento para o Brasil.

(Envolverde)

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