02 setembro 2011

Inpe e Embrapa revelam a ocupação das áreas desmatadas da Amazônia

Do Globo Natureza, em São Paulo

Uma nova metodologia permite entender o que ocorreu com os 18% do que foi desmatado em toda Amazônia. A área de estudo, realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), abrange os nove estados da Amazônia Legal e analisa os dados do desmatamento entre os anos de 2007 e 2008.

Chamado de TerraClass, o sistema foi lançado nesta sexta-feira (02) e revela o que aconteceu com a floresta após o desmatamento. A iniciativa partiu de uma solicitação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que queria qualificar o desflorestamento mapeado pelo Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (PRODES).

O estudo refina dados já conhecidos, como a ocupação das pastagens dentro das áreas desmatadas. Até 2008, a floresta perdeu por desmatamento o total de 719. 210 km² (uma área quase três vezes o tamanho do estado de São Paulo).

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 70% do que foi desmatado na floresta foi destinado aos pastos. Entretanto, o levantamento aponta que essas áreas correspondem a 62,2%, entre pastos limpos, pastos sujos e pastagens abandonadas.
“Foi a confirmação de algo que já esperávamos, como a grande presença da pecuária dentro das áreas desmatadas”, diz Mauro Pires, diretor do Departamento de Políticas de Combate ao Desmatamento da Secretaria Executiva do Ministério do Meio Ambiente.

  (Foto: Editoria de Arte/G1)

Mapa da Amazônia Legal mostra áreas  (Foto: Divulgação)Mapa da Amazônia Legal mostra o que ocorreu com a floresta desmatada até 2008 (Foto: Divulgação)


Regeneração de área desmatada

A floresta em regeneração foi uma das surpresas positivas do estudo. De acordo com TerraClass existem 150.815 km² de matas secundárias, áreas que, se permanecerem intactas, podem recuperar a biodiversidade natural. O tamanho equivale a sete vezes a área do estado do Sergipe. “O objetivo do programa é fazer um melhor aproveitamento das áreas já degradadas e reconhecer onde podemos recuperar áreas de floresta”, diz Pires.

Com um custo de R$ 600 mil, as pesquisas contaram com apoio do Ministério do Meio Ambiente, por meio do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG-7), financiado pelos sete países mais ricos do mundo, mais a Holanda e a Comissão Europeia, com gestão do Banco Mundial.

A ideia agora é tentar aplicar a metodologia do TerraCalss paralelamente aos dados do PRODES. “Ainda não temos certeza da verba para essa aplicação, mas, se conseguirmos implementar os dados, vamos poder olhar o desmatamento de forma mais pontual”, afirma Pires. Isso pode ajudar não só no combate da degradação da floresta, como também na criação de políticas públicas para o uso das áreas de pastagens abandonadas, que representam 48 mil quilômetros quadrados.

FONTE: g1.globo.com

01 setembro 2011

Demanda por energias renováveis pode aumentar aquisição de terras em países em desenvolvimento, alerta estudo

Rápida expansão por energia de biomassa no hemisfério Norte aumenta a demanda por madeira e crescente interesse em plantações de árvores nos países em desenvolvimento. Nos países onde os direitos a terra são fracos, a expansão do uso da biomassa pode coloca a segurança alimentar em questão, aponta estudo do IIED (International Institute for Environment and Development). 

No estudo Energia de biomassa: Outro direção para as aquisições de terras?, publicado no final do mês de agosto, o Instituto assinala que há um risco real que de as pessoas possam vir a perder a terra utilizada para sua subsistência, e adverte que a tendência de comercialização dessas terras deve receber maior atenção.

A madeira já é utilizada em 67% para a geração de energia renovável, biomassa, e muitos países desenvolvidos estão aumentando seu uso para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e mitigar as mudanças climáticas.

Os países mais ricos estão estabelecendo metas ambiciosas para o uso da energia renovável, incluindo a biomassa, mas como a demanda por madeira supera a oferta em até 600% em alguns países, os investidores estão começando a olhar para poções de terras nos países em desenvolvimento.

Para os países em desenvolvimento, as novas plantações de madeira podem significar geração de emprego, investimento em infraestrutura e oportunidades de negócios, sem bem administradas.  Entretanto, como aponta o estudo, há também o risco de que a compra de terras e as crescentes plantações de madeira desloquem comunidades pobres e marginalizadas das terras utilizadas para pequena agricultura de subsistência.

O estudo, que tem como meta sensibilizar para a fomentação de políticas tanto nos países desenvolvidos quando em desenvolvimento, adverte que a crescente demanda por madeira pode prejudicar a segurança alimentar a e a subsistência das pessoas mais pobres e mais vulneráveis, caso grandes áreas forem arrendadas para a plantação de madeira e biomassa.

“Temos observado a questão da alimentação e dos biocombustíveis, mas a plantação de madeira para a geração de biomassa pode ser uma importante alternativa para essa corrida global”, diz o Dr. Lorenzo Cotula, pesquisador sênior do IIED e coautor do estudo.

Duncan Macqueen, também pesquisador sênior e coautor, acrescenta que "a madeira é uma fonte vital de energia renovável, e que países em desenvolvimento deve desenvolvê-la para a segurança energética local, não a exportando para suprir os déficits de outros países em detrimento de sua população”.

Para acessar o estudo completo, visite http://pubs.iied.org/17098IIED.html

31 agosto 2011

Novo Código Florestal é incompatível com princípio da “proibição de retrocessos”, diz ministro do STJ

por Marcel Gomes

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Antônio Herman Benjamim criticou o projeto do Novo Código Florestal em discussão no Senado e disse que o princípio jurídico da “proibição de retrocessos” é incompatível com uma lei que reduz a proteção, em vez de ampliá-la.

Na terça-feira (30), o relator do projeto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), divulgou seu parecer. Como esperado, o ex-governador de Santa Catarina não alterou nenhum item polêmico do texto aprovado em maio, pela Câmara, que anistia desmatadores e reduz a proteção de áreas de preservação.

“Como podemos retroceder em uma lei como o Código Florestal, que existe desde 1965”, questionou Benjamim, ao participar de oficina do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) sobre a Rio+20, em São Paulo.


“Algum trabalhador aceitaria que reabríssemos o debate da pauta trabalhista da Constituição de 1934? Algum empresário aceitaria que mudássemos os marcos da economia criados nos últimos vinte anos?”, provocou ele, antes de esclarecer que o princípio da “proibição de retrocessos” ajuda a “olhar para frente, a fazer prevalecer sempre o ideal de progresso”.

De acordo com o juiz, que foi membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) entre 2001 e 2006, é inaceitável que duas décadas após a Eco-92 e às vésperas da Rio+20, marcada para junho de 2012, no Rio de Janeiro, ainda se discuta a importância de se preservar a natureza.

Legislação é boa, falta implementá-la

Em sua apresentação, Benjamin informou que desde a Eco-92 mais de cem países incluíram a proteção ambiental em suas constituições nacionais, como Colômbia, Argentina e França. “Mas não basta legislar, se a lei não for implementada”, alertou.

O membro do STJ disse que é justamente esse cenário que se consolidou, inclusive no Brasil. Ainda que a insuficiência de legislação ambiental tenha deixado de ser um problema mundial, a tarefa de fazê-la cumprir não foi terminada. “Esse é o déficit que temos hoje”, afirmou.

O juiz disse ainda que o debate sobre economia verde da Rio+20 não pode deixar de lado a questão legal. Segundo ele, a falta de cumprimento das leis condena “boas idéias” ao fracasso. “Que empresário, por mais compromisso ético que tenha, vai investir na economia verde se seu concorrente do lado não o faz”, questionou.

Por isso, Benjamin defendeu que o Brasil leve para a Rio+20 uma proposta que vá além do debate sobre a governança ambiental internacional e também leve em conta as dificuldades da governança local.

“Não podemos cair no mesmo erro de sempre. Precisamos de uma discussão que tenha participação pública e dialogue com os diferentes interesses existentes em Estados federados como o Brasil”, disse ele.

Fonte: cartamaior.com.br

30 agosto 2011

Terra pode ter 8,7 milhões de espécies, segundo novo estudo

Por David Fogarty

CINGAPURA (Reuters) - Os cientistas ainda precisam descobrir, ou classificar, cerca de 90 por cento das espécies de plantas e animais da Terra, que segundo estimativas abriga quase nove milhões de espécies, diz um estudo.

O trabalho, publicado na revista PLoS Biology nesta quarta-feira, aumenta muito a estimativa da riqueza da vida no planeta. Até agora havia sido oficialmente descrita 1,2 milhão de espécies.

Há muito tempo os cientistas tentam classificar a vida na Terra e descobrir quantas espécies existem, mas as estimativas variavam de três milhões até 100 milhões.

A busca não é um mero capricho científico. Os seres humanos obtêm enormes benefícios da riqueza de vida no planeta, de alimentos a remédios, passando pela pureza do ar e da água. Saber quantas espécies existem e tomar medidas para ampliar a busca e as descrições pode levar a mais descobertas que beneficiem a humanidade.

O recente aumento nos índices de extinção apenas tornou a busca mais urgente, disseram os cientistas.

"Com o relógio da extinção agora batendo mais rápido para muitas espécies, acredito que acelerar o inventário das espécies da Terra merece ser uma prioridade científica e social alta", disse Camilo Mora, da Universidade do Havaí e a Universidade Dalhousie, em Halifax, Canadá, que liderou o estudo.

Alguns estudos da ONU dizem que o mundo está enfrentando as piores perdas desde que os dinossauros desapareceram 65 milhões de anos atrás.

As espécies são classificadas de acordo com um sistema de taxonomia de 250 anos de idade. Ele agrupa a vida em uma pirâmide hierárquica, com espécies na base, então o gênero, família, ordem, classe, filo, reino e domínio.

Padrões

Mora e sua equipe estudaram informações taxonômicas e dados de espécies existentes. Eles queriam ver se havia padrões numéricos nos rankings, trabalhando com a suposição de categorias taxonômicas superiores, o que significa que as que estão no topo da pirâmide são mais completamente descritas do que as que estão em sua base.

Eles examinaram grupos bem conhecidos e descobriram que o número relativo de espécies com designação de filo, classe, ordem, família e gênero segue padrões consistentes.
Aplicar esse padrão a grupos bem menos estudados poderia resultar em uma estimativa razoável do número total de espécies.

O resultado foi 6,5 milhões de espécies na terra e 2,2 milhões no mar. O estudo tem uma margem de erro de 1,3 milhão no total.

Os resultados sugerem que 86 por cento das espécies existentes em terra e 91 por cento das que estão no oceano ainda esperam descrição, concluíram os cientistas.

"A diversidade da vida é um dos aspectos mais assombrosos de nosso planeta", disseram os cientistas no estudo. "Portanto descobrir quantas espécies habitam a Terra está entre as questões mais fundamentais da ciência E no entanto a resposta a esta pergunta continua um enigma."