18 agosto 2011

Coordenador da Rio+20 diz que Brasil terá de assumir liderança

por RODRIGO RÖTZSCH
 
O coordenador-executivo da Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável), Brice Lalonde, disse nesta quinta-feira no Rio que a liderança brasileira será fundamental para que o encontro, que acontece no ano que vem, produza resultados concretos.


"Nós precisamos da liderança brasileira, porque as lideranças tradicionais desapareceram. Se a liderança não vier dos países emergentes, não haverá liderança suficiente", afirmou o francês Lalonde, que está no Brasil para encontros com autoridades governamentais e líderes da sociedade civil.

Ele admitiu, porém, que questões internas como o aumento do desmatamento e a discussão em torno do novo Código Florestal podem pôr em xeque a liderança brasileira em questões ambientais. "Nós estamos obviamente preocupados, como todo mundo, mas temos que esperar para ver como essas situações vão se desenrolar", disse ele ao ser questionado sobre o assunto em entrevista à imprensa.

Lalonde disse que o objetivo da Rio +20 não é produzir resultados imediatos, mas sim soluções de longo prazo para uma vida melhor no planeta. "Essa conferência pertence a uma família especial de conferências, que olham para o longo prazo, para o quadro geral. Será um grande check up para a humanidade e o planeta", afirmou.

FOCO EM ENERGIAS RENOVÁVEIS

Em termos mais concretos, Lalonde disse que o foco da conferência devem ser as energias renováveis. "Um dos mais importantes resultados da Rio+20 deve ser a formação de uma grande coalizão global para abaixar os preços das energias renováveis e torná-las mais competitivas com as energias sujas, como o carvão", completou.

O francês cobrou que os países sejam menos egoístas e pensem mais no planeta. "O problema do planeta é que ninguém fala em nome do planeta, só há Estados que defendem seus próprios interesses. Precisamos ser mais solidários e pensar no planeta."

Ele afirmou que a sociedade civil também tem um grande papel na luta por um mundo mais sustentável. "As mudanças cabem muito mais às pessoas do que aos governos. As pessoas têm de pressionar os governos, afinal é o seu futuro que está em jogo. Nós não podemos deixar a juventude numa situação onde ela vai ter que pagar as nossas dívidas, não apenas financeiras, mas ecológicas", disse.

Questionado se a atual situação econômica global poderia tornar difícil para os governantes pensar em objetivos de longo prazo, Lalonde recorreu a uma metáfora. "Quando o teto está pegando fogo, você tem que apagar o fogo no teto, mas também deveria aproveitar para consertar a infraestrutura da casa. Muitas pessoas acreditam que essa crise é parcialmente causada pela escassez de energia. Devemos aproveitar para resolver esse problema."

Lalonde, 65, recorreu ao passado para se dizer, apesar de tudo, otimista com a conferência. "Quando eu era jovem, a palavra ecologia nem sequer existia. Hoje, uma série de instituições foram criadas e compromissos foram adotados. Nessa conferência vai ser tomada alguma decisão enorme, radical, para mudar o mundo? Provavelmente não. Mas será um novo passo adiante. Porque as mudanças reais acontecem no dia a dia. É preciso olhar para trás, para ver o que mudou nos últimos 20 anos", disse.

A Rio+20 acontece entre 4 e 6 de junho do ano que vem. Seu nome faz referência à Eco-92, conferência que reuniu chefes de Estado no Rio em 1992 para discutir desenvolvimento sustentável.
Fonte: Folha.com

Biodiversidade em queda, aponta pesquisa

por Aline Mabelini

O aumento populacional, o consumo desenfreado e o uso ineficiente dos recursos ambientais são os grandes problemas do século. De acordo com relatório publicado no periódico Marine Ecology Progress Series e de autoria de Camilo Mora e Peter Sale, apesar do crescimento de número de áreas preservadas, que chega a mais de 100 mil, esse aumento não é suficiente para impedir a extinção de espécies, a maior dos últimos 500 milhões de anos.


Atualmente, as áreas de preservação correspondem a apenas 5,8% das terras e 0,08% dos mares do mundo e, embora exista mais de 19 milhões de km2 de terras e 2,5 milhões de km2 de oceanos dedicados a preservar habitats e ecossistemas, essa quantidade não é suficiente para preservar a biodiversidade.

Para Peter Sale, diretor assistente do Instituto para Água, Meio Ambiente e Saúde da Universidade das Nações Unidas no Canadá, as áreas protegidas são ferramentas de conservação muito úteis, mas infelizmente a rápida taxa de perda de biodiversidade indica a necessidade de reavaliar a dependência dessa estratégia.


De acordo com os autores, não é adequado focar nas áreas protegidas como sendo a única ferramenta para a gestão da biodiversidade, uma vez que elas só podem proteger as florestas de ações diretamente humanas e a perda de biodiversidade também é causada pela poluição, pela chegada de espécies invasoras, pela decisão de usar o habitat para outros fins e por vários componentes relacionados às mudanças climáticas.

“Não estamos dizendo que não deveríamos proteger as áreas – o problema é que estamos investindo todo nosso capital humano nelas”, alerta Mora, cientista da Universidade do Havaí em Manoa.

O relatório aponta que um dos maiores agravadores do alto índice de extinção é o crescimento da população humana mundial no ultimo século, o que levou a uma demanda crescente dos recursos ecológicos do planeta e a um rápido declínio na biodiversidade. Com isso, os pesquisadores acreditam que é necessário um esforço combinado para reduzir o crescimento da população e do consumo para, assim, aumentar a ‘biocapacidade’ da Terra.

*Veja o relatório completo: http://www.int-res.com/articles/theme/m434p251.pdf

17 agosto 2011

OMS lança relatório sobre saúde e economia verde

A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou um relatório(PDF) sobre a saúde e os benefícios associados à diminuição das alterações climáticas no setor da habitação, o primeiro de uma nova série de relatórios sobre a saúde e a economia verde.

A série realiza uma análise sistemática da diminuição das alterações climáticas e estratégias de crescimento verde em cinco setores da economia: habitação, transportes, serviços de saúde, fontes de energia de uso doméstico nos países em desenvolvimento e agricultura. O primeiro relatório completo, relacionado com o tema habitação, avalia os impactos potenciais à saúde de opções de mitigação para o setor de construção residencial, com foco em estratégias de revista no Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).


O relatório da OMS conclui que muitas formas de asma e alergias, bem como doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais estão cada vez mais relacionadas com as intensas ondas de calor e períodos de frio, e podem ser resolvidas por medidas simples de estratégias de construção de “habitações saudáveis”. O documento aponta, da mesma forma, que deve ser dada mais atenção aos riscos na área de habitação devido a seu rápido crescimento nas cidades em desenvolvimento, e de como habitações mais amigas do meio ambiente e planejamento urbano podem melhorar a saúde dos pobres, bem como mitigar as mudanças climáticas.

O relatório identifica uma série de estratégias “ganha-ganha” para a saúde e diminuição das mudanças climáticas, incluindo o aprimoramento do aquecimento equipamentos de cozinha mais eficientes para reduzir a poluição no interior doméstico, e também constata que a equidade em saúde pode ser melhorada em áreas de baixa renda através de investimentos em coberturas isoladas, de baixa energia de iluminação, água, ar condicionado aquecimento e outras estratégias de mitigação de baixo custo.

16 agosto 2011

Programa Hoje em Dia planta árvores para neutralizar emissão de carbono

por Aline Mabelini

Iniciativa do Instituto Ressoar em parceira com o IBF (Instituto Brasileiro de Florestas) reúne os apresentadores do programa Hoje em Dia, da Rede Record, em ação que visa neutralizar o carbono emitido na produção do programa que, em apenas um ano, chegou a 166 toneladas.


Celso Zucatelli, Chris Flores, Gianne Albertoni e Edu Guedes deram início, no último dia 03 de agosto, ao plantio de mil árvores no Zooparque Itatiba. O zoológico temático, parceiro do Instituto Ressoar, conta com mais de 500 mil m2 de área verde e mantém 1500 animais em regime de semi-liberdade, em ambientes que reproduzem seus habitats naturais.
Para Chris Flores, embaixadora do ano internacional das florestas da ONU (Organização das Nações Unidas), é fundamental um meio de comunicação como a TV Record tomar a iniciativa de conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação do meio ambiente. A apresentadora também destacou que qualquer pessoa pode fazer a sua parte. “Somos quase 200 milhões de brasileiros e, se cada um plantar sua árvore, teremos um país bem mais verde" completou.


Higino Aquino, diretor do IBF, contou que várias espécies de mudas brasileiras foram plantadas no evento. Entre elas, algumas estão em extinção como a peroba-rosa, por exemplo, que quase não existe mais.

Esta ação é só o começo do que precisa ser feito e, de acordo com Celso Zucatelli, a equipe está no caminho. “A gente sabe que é muito difícil reduzir a emissão de poluentes, por isso, estamos compensando plantando árvores”, concluiu.
Aquino explicou que cada seis árvores plantadas compensam a emissão de uma tonelada de carbono, gás tóxico responsável pelo efeito estufa. O fenômeno acontece a partir da formação de uma camada na atmosfera que impede a liberação do calor no planeta, processo conhecido como aquecimento global.

Edu Guedes lembra da importância desse tipo de ação para a comunidade uma vez que, "plantando árvores, você não está só repondo o que foi destruído, mas está também trazendo de volta os pássaros e animais do ecossistema local". Para Giane Albertoni, os cuidados com o meio ambiente começam dentro de casa. Ela conta que cuida das suas plantas, separa o lixo, economiza energia e água e desliga todas as tomadas. “Tudo isso para mim significa respeito à vida do nosso planeta”, concluiu.

O reflorestamento é de grande importância no combate às mudanças climáticas pois promovem o seqüestro de CO2 da atmosfera diminuindo a concentração deste gás e, consequentemente, desempenhando um importante papel no combate à intensificação do efeito estufa.