06 outubro 2011

Estudo revela que planeta está longe de mitigar mudança do clima

Alerta foi divulgado nesta quarta-feira (5), durante conferência da ONU no Panamá. No estudo, Brasil terá emissões maiores do que as projetadas pelo governo.

O mundo ainda está longe de alcançar as metas de redução dos impactos das mudanças climáticas estabelecidas pelas Nações Unidas, e deve se preparar para desastres maiores se o atual cenário não for modificado, alertou um estudo divulgado por organizações ambientais nesta quarta-feira (5) que ressaltou o aumento das emissões de gases de efeito estufa do Brasil.

Durante as negociações da ONU realizadas na Cidade do Panamá, preparatórias para a Cúpula Climática da ONU em Durban, na África do Sul, no fim do ano, o mecanismo criado pelas ongs denominado “Rastreador de Ação Climática”, que pretende fazer um acompanhamento dos esforços dos países para reduzir as emissões de gases-estufa, detectou um abismo entre as metas estabelecidas pelos governos e seus resultados.

Em 2009, na Cúpula do Clima da ONU em Copenhague, os países concordaram no último minuto em limitar a elevação da temperatura do planeta a dois graus Celsius com relação aos níveis do período pré-industrial, meta considerada tímida demais para os ambientalistas.

Alta nas emissões brasileiras – O rastreador calculou que o Brasil terá emissões “significativamente maiores” ao previamente projetado. Em Copenhague, o país prometeu uma redução entre 36% e 39% das emissões em comparação com o cenário “business as usual” (com parâmetros inalterados).

No entanto, dados recentes do país indicam que as emissões de dióxido de carbono aumentaram, sobretudo devido ao avanço do desmatamento, destacou o estudo. Segundo números divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente na última segunda-feira (3), a Amazônia perdeu 7.000 km² de floresta em 2010.

Na China, nação que detém o título de maior emissor de dióxido de carbono, as emissões deste gás considerado o responsável pelo aumento da temperatura no planeta estão crescendo mais rápido do que se pensava. Segundo o estudo, se os níveis atuais forem mantidos, em 2020 as emissões de gases estufa estarão na casa dos 54 milhões de toneladas de dióxido de carbono, o equivalente a entre 10 e 14 milhões de toneladas a mais do que a meta fixada.

O planeta está “muito, muito longe” de alcançar o objetivo de dois graus, alertou Bill Hare, um dos principais autores de um relatório científico das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, elaborado em 2007, e diretor do grupo de pesquisas Climate Analytics, sediado em Postdam, na Alemanha. “Caminhamos para um aquecimento de mais de três graus, a menos que haja avanços importantes”, disse Hare, assessor do grupo ambientalista Greenpeace.

Danos severos ao planeta – Até mesmo um aumento de dois graus na temperatura global seria problemático, pois o mundo ficaria exposto a incêndios muito mais frequentes e à elevação do nível do mar, destacou. “Os níveis de aquecimento rumo aos quais estamos avançando podem chegar a provocar facilmente severos danos a ecossistemas vulneráveis de um extremo a outro do planeta”, acrescentou.

“A produção e a disponibilidade de alimentos ficariam ameaçadas, particularmente na África, se as práticas agrícolas atuais mudassem rapidamente”, explicou.

A China, que superou os Estados Unidos como o principal emissor global, resiste a assinar um tratado internacional vinculante, mas se comprometeu em reduzir entre 40% e 45% a quantidade de carbono produzida por cada ponto do PIB até o final de 2020.

O Rastreador de Ação Climática admitiu que o país está tomando medidas para economizar energia e trocar sua matriz energética com vistas ao uso maior de fontes renováveis, como a eólica. “Isto é muito positivo”, disse Niklas Hoehne, diretor de política energética e climática da consultoria Ecofys.

Ele reforçou, no entanto, que as emissões chinesas são superiores ao previsto inicialmente em razão do “rápido crescimento econômico” do país.

Políticas contra emissões – Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama se comprometeu a reduzir as emissões em 17% com relação aos níveis de 2005, mas enfrenta uma forte oposição dos republicanos.

Muitos deles questionam as evidências científicas das mudanças climáticas e afirmam que importantes reduções no uso de petróleo e outros combustíveis fósseis representariam uma nova carga para a já atribulada economia americana.

As negociações no Panamá, iniciadas no sábado passado (1) e que se estendem até a próxima sexta-feira (7), visam a tirar do ponto morto em que se encontram alguns aspectos chave da próxima conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

O maior entrave está no futuro do Protocolo de Kyoto, que exige dos países desenvolvidos que reduzam suas emissões de dióxido de carbono. As obrigações impostas por este tratado terminam em 2012 e ainda não há um pacto para renová-las.

Os participantes não esperam o anúncio de algum acordo, mas sim estabelecer as bases para a conferência de Durban, que começará em 28 de novembro e é vista como a última oportunidade de se tomar uma decisão com relação ao período pós-Kyoto.

05 outubro 2011

Encontro climático no Panamá busca consenso antes da COP 17

Entre 1 e 7 de outubro, o Panamá será a sede de um encontro da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC, em inglês), despertando muitas expectativas no caminho para a conferência das partes em Durban no final de novembro.

Oficialmente o encontro é conhecido como a terceira parte da 16º sessão do Grupo de Trabalho Ad Hoc sobre Compromissos Futuros das Partes do Anexo I do Protocolo de Quioto (AWG-KP 16, em inglês) e terceira parte da 14º sessão do Grupo de Trabalho Ad Hoc sobre Ação Cooperativa de Longo Prazo sob a Convenção (AWG-LCA 14).

A secretária executiva da ONU sobre Mudanças Climáticas, Christiana Figueres, reafirmou que a reunião do Panamá é a última oportunidade dos 193 países membros para conseguir um consenso sobre a redução das emissões antes de Durban.

Figueres garantiu que os representantes dos governos chegaram ao Panamá comprometidos e interessados em avançar nos pontos centrais, como o esboço do Fundo Verde do Clima, o Comitê Executivo de Tecnologia e de Adaptação, e o Sistema de Monitoramento, Reporte e Verificação.

“A África do Sul participará de uma seção informal no Panamá para contribuir ainda mais para um resultado equilibrado e credível em Durban”, declarou o Departamento de Relações Internacionais e Cooperação do país no domingo.

A União Européia fez um apelo no domingo para que todas as nações deixem claro como pretendem lidar com as mudanças do clima, alegando que o mundo precisa de um roteiro das ações futuras ainda este ano mesmo se um tratado internacional estiver fora de alcance.

“O que precisamos produzir em Durban é um roteiro para o enquadramento jurídico global”, comentou o negociador-chefe da União Européia Artur Runge-Metzger completando que o bloco é responsável por apenas 11% das emissões globais de gases do efeito estufa.

A 17º Conferência das Partes (COP 17) da UNFCCC e 7º COP das partes do Protocolo de Quioto serão realizadas em Durban, África do Sul, entre 28 de novembro e 9 de dezembro 2011.

FONTE: Instituto CarbonoBrasil/Agências internacionais