Cientistas de 14 instituições de pesquisa europeias e sul-americanas –
incluindo o Brasil, a Bolívia, a Colômbia e o Peru – iniciaram um novo e
ambicioso programa de pesquisa para prever o que poderá ocorrer com a
Amazônia ao longo das próximas décadas.
Intitulado Amazalert, o projeto tem como objetivo testar previsões
que sugerem que, sob contínuas mudanças climáticas e desflorestamento,
as florestas da região amazônica poderão estar vulneráveis a degradação
em diversos aspectos, como no clima, águas e comunidades.
O programa pretende avaliar o quanto essas previsões são prováveis e,
em caso positivo, antecipar onde, como e quando isso deve acontecer. O
orçamento é de 4,7 milhões de euros, financiados conjuntamente pelo European 7th Framework Programme e por organizações nacionais.
A equipe é liderada pelos pesquisadores Bart Kruijt, da Universidade
de Wageningen, nos Países Baixos, e Carlos Nobre, do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe), membro da Coordenação do Programa FAPESP
de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG) e secretário de
Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação.
Os cientistas estudarão um possível sistema que detecte sinais de
degradação de grandes dimensões na floresta, e que inclui um sistema de
alerta caso uma situação de perda de floresta irreversível pareça
provável.
O Amazalert também avaliará impactos e efetividade de políticas
públicas e medidas para a prevenção da degradação da Amazônia. Serão
reunidas informações disponíveis em trabalhos anteriores sobre clima
regional, sensibilidade das florestas e ciclo da água, desflorestamento,
os impactos sobre as leis e respostas aos impactos na bacia amazônica.
Os pesquisadores explorarão em detalhes observações resultantes de
programas como o Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na
Amazônia (LBA) e simulações de mudanças climáticas globais, conduzidas
pelos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC).
O projeto também pretende melhorar a compreensão do papel do fogo, e
como a população, agricultura e governos poderão responder às mudanças
do clima e do meio ambiente.
Segundo a equipe do programa, também serão envolvidos diretamente
representantes de instituições e governamentais para que suas
perspectivas sejam incluídas na modelagem e para auxiliar no
desenvolvimento de um modelo para um sistema de alerta.
Dentro de três anos, o projeto deverá fornecer um conjunto de
ferramentas aprimoradas para avaliar e assessorar as tomadas de decisão
na gestão futura da região amazônica, incluindo formas de monitorar o
funcionamento da Amazônia para evitar mudanças irreversíveis em seus
serviços ambientais.
A reunião inaugural do projeto ocorrerá entre 3 e 5 de outubro no Inpe, em São José dos Campos.
Mais informações: www.eu-amazalert.org
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